A China divulgou nesta sexta-feira (17) uma série de medidas “históricas” para estabilizar seu setor imobiliário, que enfrenta uma crise severa. O banco central do país viabilizará 1 trilhão de yuans (US$ 138 bilhões) em financiamento extra, além de flexibilizar as regras de hipotecas. Além disso, os governos locais estão se preparando para comprar “alguns” apartamentos, numa tentativa de reverter a queda do setor.

Medidas de Apoio

As novas políticas, consideradas um marco histórico pelo Jornal Imobiliário da China, incluem:

1. Financiamento Extra: 1 trilhão de yuans será disponibilizado pelo banco central.

2. Flexibilização das Regras: As regras de hipotecas serão flexibilizadas.

3. Compras Governamentais: Os governos locais poderão comprar apartamentos a preços “razoáveis”.

Estas medidas são vistas como uma intervenção governamental decisiva para compensar a queda na demanda por imóveis novos e antigos, desacelerar a queda dos preços e reduzir o estoque crescente de casas não vendidas.

Impacto no Mercado

Analistas destacam que, desde que o mercado imobiliário começou a cair em 2021, várias incorporadoras decretaram falência, deixando muitos canteiros de obras parados e minando a confiança da população chinesa no setor. No auge, o setor imobiliário foi responsável por 1/5 do PIB da China, tornando-se um grande obstáculo para a segunda maior economia do mundo.

Raymond Yeung, economista-chefe do ANZ, considera as novas medidas um “passo ousado”, mas alerta que o maior desafio será se o programa de compras do governo induzirá a demanda do setor privado. “A liquidação de estoques aumentará o fluxo de caixa para as incorporadoras e ajudará sua estabilidade financeira, mas não abordará a confiança do setor privado”, afirmou.

Compras e Dívidas

O Ministério da Habitação da China anunciou que os governos locais poderão instruir empresas estatais a comprar algumas casas para fornecer moradias a preços acessíveis. No entanto, os veículos de financiamento municipais, que contribuíram para o que Pequim chama de “dívida oculta”, não terão permissão para fazer essas compras.

O vice-primeiro-ministro He Lifeng informou que os governos locais, que já possuem cerca de 9 trilhões de dólares em dívidas, podem recomprar terrenos vendidos aos incorporadores. Ele também prometeu que as autoridades “lutarão arduamente” para concluir os projetos paralisados, sem fornecer um cronograma ou uma meta específica para as compras.

Conclusão

Essas medidas refletem um esforço significativo do governo chinês para estabilizar o setor imobiliário, crucial para a economia do país. Resta saber se essas ações serão suficientes para restaurar a confiança e impulsionar a demanda no setor privado.